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Guia Completo: Orientações para sua Perícia Médica no INSS

  • Foto do escritor: Manoel Costa Júnior
    Manoel Costa Júnior
  • 2 de out.
  • 6 min de leitura

Prezado(a) leitor(a),


Como advogado previdenciário e acidentário, com vasta experiência em ações contra o INSS, compreendo a angústia e a incerteza que muitos segurados enfrentam ao se aproximarem da perícia médica. Este é, sem dúvida, um dos momentos mais críticos e decisivos na busca pela garantia de seus direitos previdenciários. Pensando nisso, e com base em um guia completo de orientações que reflete a essência da nossa atuação, elaborei este artigo para desmistificar o processo e oferecer um roteiro claro sobre como se preparar e se comportar para aumentar significativamente suas chances de um resultado favorável.


A perícia médica não é meramente um exame clínico; é uma avaliação complexa que busca determinar a existência e o grau de sua incapacidade laboral. É fundamental que o segurado compreenda que o perito do INSS não está ali para atestar a doença em si, mas sim para verificar se essa condição de saúde o impede de exercer suas atividades profissionais habituais. Portanto, a preparação e a forma como você apresenta sua situação são tão importantes quanto a própria condição médica.


Guia Completo: Orientações para sua Perícia Médica no INSS


1. A Preparação Minuciosa: O Que Fazer ANTES da Perícia


A fase de preparação é a pedra angular para o sucesso da sua perícia. É aqui que você organiza as evidências e se arma com as informações necessárias para demonstrar sua incapacidade.


  • Pontualidade é Crucial: A primeira impressão conta, e muito. Chegar com 25 minutos de antecedência ao local da perícia não é apenas uma questão de boa educação, mas uma demonstração de seu compromisso e seriedade com o processo. Evita imprevistos, como atrasos no transporte ou dificuldades para encontrar o local, e permite que você se acalme antes do atendimento. Atrasos ou faltas sem justificativa podem resultar no cancelamento do benefício e na impossibilidade de um novo agendamento por 30 dias.


  • Documento de Identificação Original e com Foto: Parece óbvio, mas a ausência de um documento de identificação válido e original é um dos motivos mais comuns para a recusa de atendimento. Certifique-se de levar seu RG, CNH ou outro documento oficial com foto. Sem ele, o perito não poderá realizar a identificação e, consequentemente, a perícia.


  • Documentação Médica Completa e Organizada: Seu Maior Aliado Este é, sem dúvida, o item mais importante da sua preparação. O perito precisa de provas concretas da sua condição de saúde e, principalmente, das limitações que ela impõe.


    Leve TODOS os documentos médicos que você tiver, mesmo os antigos. Organize-os em uma pasta, de preferência por data (do mais recente para o mais antigo). Organize seus documentos em uma pasta, preferencialmente em ordem cronológica decrescente (do mais recente para o mais antigo), para facilitar a análise do perito. Inclua:


    • Laudos e Relatórios Médicos Detalhados: Estes devem ser a espinha dorsal da sua documentação. Eles precisam conter o CID (Classificação Internacional de Doenças), descrever seu diagnóstico de forma clara, os tratamentos realizados e, fundamentalmente, suas limitações funcionais. Um laudo que apenas informa a doença, sem detalhar o impacto na sua capacidade de trabalho, é insuficiente.


    • Exames de Imagem: Raios-X, ressonâncias magnéticas, tomografias, ultrassons, entre outros. Leve não apenas as imagens, mas também os laudos correspondentes que descrevem os achados. Certifique-se de que os exames se relacionam diretamente com a doença que gera sua incapacidade.


    • Atestados Médicos: Todos os atestados que você tiver, mesmo os mais antigos, pois eles demonstram a evolução da sua condição e a necessidade de afastamentos.


    • Receitas de Medicamentos: As receitas comprovam os tratamentos que você está seguindo e a gravidade da sua condição, que exige medicação contínua.


    • Prontuários e Relatórios de Fisioterapia ou Terapia Ocupacional: Estes documentos são cruciais para demonstrar a continuidade do tratamento e, mais importante, as dificuldades funcionais que você enfrenta no dia a dia, reforçando a ideia de incapacidade.


    • Documentos de Trabalho (se aplicável): Se sua doença ou lesão tem relação com o trabalho, é vital apresentar o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) e o LTCAT (Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho) e a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), caso a empresa os tenha fornecido. Estes documentos podem ser decisivos para comprovar a origem da incapacidade e a relação com suas atividades laborais.


  • Remarcação: Atenção ao Prazo: A vida acontece, e imprevistos podem surgir. Se você não puder comparecer à perícia, é imperativo que a remarque até o dia anterior à data agendada. Isso pode ser feito ligando para o número 135 ou acessando o site/aplicativo Meu INSS. A falha em remarcar resultará no cancelamento do seu benefício e na impossibilidade de um novo agendamento por 30 dias, o que pode atrasar significativamente a concessão do seu direito.


2. Comportamento e Comunicação: DURANTE a Perícia


Sua atitude e a forma como você se comunica com o perito são tão importantes quanto a documentação que você apresenta. A perícia é um ato técnico, mas também envolve a percepção do perito sobre a sua condição.


  • Seja Honesto e Objetivo: A Credibilidade é Tudo: Nunca simule ou exagere a dor ou a dificuldade. Os peritos são treinados para identificar inconsistências. A honestidade gera confiança. Se você exagerar, pode perder toda a credibilidade. A tentação de exagerar os sintomas pode ser grande, mas é um erro grave. Peritos são profissionais experientes e treinados para identificar simulações. A honestidade é a base para construir confiança e garantir que sua condição seja avaliada de forma justa.


  • Descreva Suas Limitações, Não Apenas a Dor: Este é um ponto crucial. O perito não está interessado apenas em saber que você sente dor, mas sim em como essa dor ou sua condição de saúde o impede de realizar tarefas. Em vez de dizer "sinto muita dor nas costas", seja específico sobre o impacto funcional:


    • "Não consigo ficar sentado por mais de 20 minutos sem sentir uma dor excruciante que me impede de concentrar."


    • "Tenho dificuldade para levantar meu filho no colo ou carregar uma sacola de compras, atividades que antes eu realizava sem problemas."


    • "Não consigo mais varrer a casa ou levantar os braços acima da cabeça para pegar algo no armário, o que afeta minha autonomia e tarefas domésticas básicas."


      Esses exemplos, ilustram perfeitamente a diferença entre descrever um sintoma e descrever uma limitação.


  • Relacione a Limitação com o Seu Trabalho: O foco da perícia é a incapacidade laboral. Portanto, você deve ser capaz de explicar de forma clara e concisa como sua condição de saúde o impede de exercer as atividades inerentes à sua profissão.


    • "Eu trabalhava como operador de caixa e precisava ficar 8 horas sentado, o que é impossível hoje por causa da minha hérnia de disco, que me causa dores intensas e irradiação para as pernas."


    • "Como pedreiro, eu precisava carregar sacos de cimento e usar ferramentas pesadas, mas meu ombro não tem mais força e mobilidade para isso, devido à lesão no manguito rotador."


      Essas descrições conectam diretamente a limitação física com as exigências da sua profissão.


  • Responda com Calma e Clareza: Ouça atentamente cada pergunta do perito. Responda apenas o que foi perguntado, de forma direta e objetiva. Evite interromper ou contar histórias longas e irrelevantes para sua condição de saúde. A calma e a clareza demonstram segurança e respeito pelo processo.


  • Mantenha uma Postura Respeitosa: Trate o perito com educação e respeito. Ele é um profissional que está ali para realizar uma avaliação técnica. Uma postura agressiva, defensiva ou de confronto pode prejudicar a avaliação e criar um ambiente desfavorável. Lembre-se: o perito não é seu inimigo.


  • Vestimenta Adequada: Use roupas confortáveis e que sejam fáceis de remover, caso o perito precise examinar alguma parte do seu corpo. Isso facilita o trabalho do profissional e evita constrangimentos desnecessários.


3. Dicas Adicionais para um Resultado Favorável: O Refinamento


Pequenos detalhes podem fazer uma grande diferença.


  • Conheça Seu Histórico: Antes da perícia, revise mentalmente ou escreva no papel as datas importantes: quando os sintomas começaram, quando você fez cirurgias, os nomes dos principais medicamentos que usa e a frequência. Ter essas informações na ponta da língua demonstra que você está ciente da sua condição e facilita o trabalho do perito.


  • Foco na Incapacidade Laboral: Lembre-se sempre que o objetivo da perícia não é apenas provar que você tem uma doença, mas sim que essa doença te incapacita para o trabalho. Toda a sua comunicação deve girar em torno dessa demonstração. Esta é a mensagem central. A doença é o ponto de partida, mas a incapacidade para o trabalho é o ponto de chegada. Mantenha esse foco em todas as suas respostas e na forma como você descreve suas limitações.


  • Prepare um Breve Resumo (se necessário): Se você é uma pessoa que fica nervosa ou tem dificuldade em organizar as ideias sob pressão, pode ser muito útil levar um pequeno resumo escrito com os pontos principais: início da doença, principais limitações, tratamentos realizados e como a doença afeta seu trabalho. Isso garante que você não se esqueça de nada importante e que todas as informações cruciais sejam transmitidas.


Conclusão: A Busca pela Justiça Previdenciária


A perícia médica no INSS é um procedimento que exige preparo, organização e uma comunicação eficaz. Ao seguir as orientações detalhadas neste artigo, baseadas em um guia prático e na experiência jurídica, você estará muito mais preparado e confiante para enfrentar essa etapa. Lembre-se que a busca por um benefício previdenciário é a busca pela efetivação de um direito social fundamental, e a dignidade da pessoa humana deve ser sempre protegida.


Nossa missão como advogados é garantir que a justiça seja feita e que os segurados recebam o amparo necessário em momentos de vulnerabilidade. Com a documentação correta, a postura adequada e o foco na incapacidade laboral, você pavimenta o caminho para um resultado favorável.


Aviso Legal: As informações contidas neste artigo são para fins informativos e educacionais e não constituem aconselhamento jurídico. Cada caso é único e deve ser analisado por um profissional qualificado.


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